domingo, 14 de novembro de 2010

Artigo de Imprensa

(Artigo publicado no Jornal O Povo de Guimarães na edição de 29 de Outubro de 2010)

Modernamente, a geração jovem adquiriu um saber mundividente resultante dos meios e mecanismos que tem ao seu dispor e que adequa ao seu processo de crescimento. Por efeito, a crescente qualificação educativa dos jovens requer um sentido crítico dos temas que afectam a sua realidade pessoal. Temas como a educação, a cultura e o desporto não podem ser ignorados pelos jovens, nomeadamente no âmbito local.

A caracterização da implementação dos equipamentos educativos e desportivos dispersos pelo concelho não é uniforme e depende de um factor altamente discricionário – a vontade política.
A “vontade política” é um conceito vago e indefinido, sujeito à discricionariedade decisória e depende em muito do peso eleitoral de cada Freguesia e Vila.
Num dado contexto político e situacional, anunciam-se investimentos em piscinas que mais tarde não se concretizam. Outras se edificam em locais com menor densidade populacional, territorialmente estratégicas, mas com dúbias capacidades de sustentabilidade a médio e longo prazo. Não se pretende alegar que os investimentos são mal concebidos, tão-só afirmar que o mesmo critério deve ser estendido a todo o Concelho se for devidamente sustentado.
No âmbito dos polidesportivos, a situação é degradante. Muitos dos ringues foram construídos pelas extintas comissões fabriqueiras das Paróquias, que, sem capacidade financeira, deixam esses espaços desportivos abandonados transformando-os em locais potenciadores de comportamentos de risco. A situação é ainda mais grave quando algumas destas infra-estruturas servem de apoio às actividades extracurriculares das escolas básicas. De facto, um contraste socialmente reprovável e escusável. Nestas situações, os decisores políticos são co-responsáveis e devem intervir no sentido de acautelar estes problemas. A Câmara Municipal não tem sido diligente e solidária a apoiar as Freguesias com este tipo de espaços, quer através de recursos financeiros, quer através da deslocalização de eventos que permitam a dinamização desportiva local. Não se pode exigir investimento nestas áreas em todas as Freguesias, mas impõe-se uma melhor distribuição desses equipamentos.
Além disso, se em certas Freguesias não se justifica a conservação ou a construção de equipamentos desta índole por serem locais predominantemente rurais e de zonas verdes condicionadas, então dê-se-lhes a oportunidade financeira de criar parques de lazer para que os jovens possam desfrutar da natureza e adquiram comportamentos ecológicos.
Um dos problemas fundamentais que estas Freguesias se deparam é a dificuldade do executivo camarário em decidir a execução dos investimentos anunciados. Demora-se na pronúncia da vontade política e a instabilidade social instala-se, sobretudo, nas comunidades jovens. Consequentemente, desenvolvem-se os comportamentos de risco destes jovens por não terem espaço nem alternativa para o seu desenvolvimento social.


A nossa geração não pode ficar alheia aos problemas que a sociedade hoje enfrenta.
Aproveitando a discussão do Orçamento para 2011 de cada Freguesia, os respectivos órgãos devem ter um papel activo no desenvolvimento de planos de actividades e investimentos orientados para os jovens, dando-lhes voz e concretização dos seus projectos pessoais e comunitários. À Câmara Municipal incumbe distribuir os investimentos de forma justa e de acordo com a predominância característica de cada Freguesia e Vila.

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